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A PRIMEIRA VEZ - Medos e inseguranças

Lembro ainda da primeira vez...

O primeiro dia de trabalho não é fácil para ninguém.

E quando o teu trabalho te põe em evidência, no centro de um grupo de no mínimo trinta pares de olhos?

O sangue parece congelar nas veias e tu tens aquela certeza de que tuas pernas não irão conseguir sustentar o teu corpo.

Num momento de horror, passa um filme na tua memória, e tu tenta buscar rapidamente a resposta para a pergunta “ o que eu estou fazendo aqui?”

Tento manter a calma - meu Deus, onde ela foi parar?

Tudo foi muito bem traçado. Infinitas horas de estudo e preparação.

Tal qual a MATEMÁTICA. Se a fórmula for aplicada corretamente, a resposta estará correta. Será?

O nervosismo aumenta.

A BIOLOGIA deve explicar a sudorese excessiva nesse momento.

Relembro as aulas de GEOGRAFIA. Pareço um corpo orbitando em torno da insegurança.

Até penso em desistir. Mas conheço um pouco de FÍSICA e, me dou conta que a distância que eu estou da porta, me faria aplicar uma velocidade que minhas pernas – bambas como estão – não alcançariam.

Então, respiro fundo mais uma vez.

Não pode ser tão difícil.

Algum grande pensador de FILOSOFIA já disse que o homem deve ser integralmente forte e senhor de si mesmo. Sério?

Pareceu-me estar em um quadro vivo de SOCIOLOGIA, onde podia ver a ordem no meio do caos (dos meus pensamentos).

Mas lá no fundo, me apego à esperança de que talvez possa “rolar” uma QUÍMICA entre eles e o conteúdo... Quem sabe?

Tenho nesse momento a imagem de todos os medos da LITERATURA de Lispector estampada no rosto...

Mas então...

Já não há o que fazer.

Abro o melhor sorriso amarelo na minha cara blasé e solto um tímido “boa noite!”

Mas enfim...

No decorrer das horas descubro que o tempo passou voando nesse “espaço de tempo”.

Descobri naquele dia que ainda tinha muito a aprender. Mas essa aprendizagem não seria através de conteúdos acadêmicos.

Eu precisava aprender com eles. Aprender com a HISTÓRIA de cada um, com a vivência individual o sentido real do coletivo.

Muito tempo já passou desde esse dia. Mas ainda hoje, em alguns momentos, me deparo com alguém me olhando com espanto, como se eu estivesse falando uma LÍNGUA ESTRANGEIRA ( e as vezes estou mesmo.. . )

E é nesse momento que a gente tem que repetir tudo o que já tinha dito, mas de forma diferente, até se fazer entender.

E quando penso que está tudo bem, aparece alguém para me tirar da minha zona de conforto, me trazendo uma situação nova, uma dificuldade até então inexistente, e me obriga a buscar novos conhecimentos, pesquisar, procurar, até encontrar a resposta para o novo desafio proposto.

Acredito que, todos somos providos de grande capacidade de aprendizagem – o que é uma arte - porém dentre todas as ARTES, talvez a mais nobre seja a de se doar...

E é o que fazemos todos os dias. Por que é essa a nossa vocação. Por que é isso que nos dá prazer.

Por que é através da nossa doação que colaboramos com a nossa parcela para melhorar o futuro.

E isso nos enche de orgulho!

Oh, desculpe-me, não me apresentei?

Muito prazer!

Sou Gueti Greif.

Sou professora!

Gueti Greif - Prof. Espanhol

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